Merecemos o paraíso? Parte II A Fátima e eu éramos bem criancinhas ainda e a nossa mãe, grávida, tinha que sair para lavar roupas em uma nascente que havia a cerca de quinhentos metros do nosso barraco alugado. Ela não levava as crianças porque não tinha como carregar bacias, baldes, roupas, e a Fatinha que nem andava ainda. Então ela misturava pequenas quantidades de arroz e de feijão crus, e jogava pela cozinha afora. Saía dizendo que quando voltasse tudo deveria estar catado e separado em vasilhas, caso contrário eu tomaria uma surra. Isso era um terror para mim porque eu catava e a Fatinha derramava novamente. Isso seria insano hoje. Minha mãe não era má, nem irresponsável. Isso era coisa da época e da cultura dela. Às vezes derramamos outros tipos de grãos para os nossos filhos catarem.
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