Falando de Deus
Falando de Deus
Quando tento falar em Deus, as
variáveis filosóficas são tantas e tão complicadas que acabo desistindo. Então,
usarei uma redução estratégica de raciocínios para facilitar. Reduzirei o
raciocínio à existência, sem questioná-la. Ele existe e pronto. Algo muitíssimo
poderoso criou todas as coisas do universo, criou o caos, o inefavelmente
grande e o invisível mundo subatômico. Criou as caldeiras enormes nas galáxias,
os berçários das estrelas e o tijolinho ínfimo que constrói tudo o que existe,
inclusive os seres vivos.
Aqui, o discurso fica mais
complexo: seres vivos. Decisões lógicas ou intuitivas, dons, sentimentos,
ideologias e fé. O que não é matéria também é criação de Deus? Não estou me
referindo às religiões, que são criadas, normalmente, para satisfazerem ao
homem. Estas matam, ferem, escravizam, extorquem, criam cerimônias excludentes
e preconceituosas, explodem escolas, tomam dinheiro de miseráveis para que
alguns poucos vivam faustamente.
A única perspectiva que temos
para analisar Deus é a humana, que é moldada pelo ambiente cultural onde
estamos inseridos. O meu ambiente é o cristão e eu vejo uma dicotomia completa
entre a filosofia que é ensinada o tempo todo e o comportamento das massas
ditas cristãs. Os países adeptos à filosofia do Nazareno, essencialmente,
deveriam ser sociedades pacificas, sem grandes turbulências, mas o que acontece
é um caos mais ou menos administrado por leis humanas. Parece-me que a
filosofia religiosa é usada para adestrar os mais humildes em prol de uma casta
superior totalmente laica que, portanto, não almeja um paraíso espiritual post-mortem, mas um Jardim do Éden na
terra mesmo.
E para onde foi Deus depois da
criação? Ao contrario dos deuses do Olimpo, Ele não se mostra, não interfere
mais. Criou e deixou a deus-dará. Assim, a impressão que tenho é de que as
pessoas que não acreditam Nele estão sempre em vantagem, pois não têm para quem
dar explicações, só para as leis dos homens, que são corruptíveis e manipuladas
pelo racionalismo da casta que impera.
O Deus em que quero crer deve
gostar da sua criação e deve pesar os seres humanos com olhos de patrão.
Aqueles que fazem algo que valoriza a criação deverão ser recompensados um dia;
os outros continuarão existindo, reduzidos a tijolinhos, no caldo quente que
cria novas estrelas.
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