PUBLIQUEI UM LIVRO, E NÃO SOU RICO
PUBLIQUEI UM LIVRO, E NÃO SOU RICO
Sim, eu escrevi e publiquei um livro de poemas livres e
tenho outros três prontos: dois de poemas e um de crônicas e contos.
O livro que publiquei já se esgotou. Recebi mais críticas
negativas do que positivas sobre ele. A maior parte das críticas me ajudou
demais, mas a mais terrível delas apareceu porque eu coloquei na biografia que
sou empresário. Então, fui criticado por usar o meu dinheiro para entrar no
meio literário.
Empresário não significa RICO.
Algumas pessoas preferem biografias carregadas de títulos
acadêmicos e prêmios, ou de histórias tristes. Para elas, seria melhor que eu
dissesse que vim de uma família miserável; que a escola onde tomei gosto pela
leitura – Escola Municipal Maria do Amparo, no Bairro Industrial de Contagem – não
tinha sequer carteiras quando entrei; que estudei por meses assentado no chão; que
não consegui terminar um curso superior por falta de dinheiro; que abdiquei do
meu curso tardio para custear a escola dos meus filhos; que a pequena parte da
empresa eu consegui sendo funcionário por 25 anos, e que, para conseguir isso,
eu trabalhei por uma década até 16 horas diárias; que conheço uma única praia;
que só viajo pela empresa; que o meu livro (que sonhei fazer por 35 anos) foi
pago com serviços extras de restauração de fotografias; que se não fosse a
ajuda da professora Silvia de Oliveira Motta, da professora de português,
Andreia, do dono da editora, Ricardo, e do incentivo de alguns amigos eu jamais
teria feito esse livro.
Fazer esse livro mudou completamente a minha visão sobre o
mundo literário. Fazer um livro é fácil. Quando pagamos todo o processo,
existem inúmeras editoras interessadas pela publicação. Difícil mesmo é ter alguém
que o leia. A maioria das pessoas que pode acrescentar algo não consegue nem
tempo, nem disposição para ler um novato. E não passa pelas cabeças delas que
ali possa ter algo interessante.
Descobri a poesia quando descobri
Cecília Meireles, lá na primeira escola. Creio saber o que é bom, sei o que é
ruim, sei que meu livro foi precipitado e tolo, mas foi feito para os amigos.
Agora, eu me sinto preparado para publicar o próximo. Quem não gosta da ideia,
prepare as pedras, prepare o desdém, pois não consigo parar de escrever. E os
que me apoiam saibam que estou melhor, mas não tenho mais a ingenuidade gostosa
do Menina da Lua.
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