E SE ELA FOR UMA FEMINISTA?

E SE ELA FOR UMA FEMINISTA?

Ela está à cerca de trinta metros de onde estou na estação do metrô. No instante em que chegou acompanhada de alguns amigos a estação saiu do marasmo tradicional e passou a pulsar brilho, energia e juventude; vida.
Veste uma regata branca sem sutiã e exibe algumas tatuagens. Por causa da distancia não consigo saber os desenhos. O cabelo é cortado rente e nem por isso parece masculino. Eu não consigo mais me concentrar na leitura. Os movimentos dela provocam calafrios em mim, meu peito se acelera, e eu me lembro da teoria do caos, uma ação provocando outra até fazer uma tempestade na outra parte do mundo. A boca da moça apenas esboça um riso e a estação inteira aguarda ansiosa a luz que virá. As frases ditas entre risinhos joviais não chegam aos meus ouvidos, mas agem em mim como brisa das montanhas de Belo Horizonte, macia, leve e penetrante. 
O meu coração de fotógrafo clica sem parar, dezenas de composições imaginárias registrando os movimentos dos seus ombros nus e dos seus supercílios que expressam tanta alegria e energia que as palavras lhes são desnecessárias.   
O meu coração de poeta se enche de inspiração e juventude, de inspiração e vontade de voltar a escrever.
De repente ela olha em minha direção, eu baixo o olhar, preocupado. Se ela for uma feminista pode pensar mal de mim.  



(O texto é uma criação para brincar e provocar a escritora, fotógrafa e ótima pessoa, Cláudia Regina)

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