Caridoso sim, otário não!
A primeira impressão pode enganar
Eu estava saindo de um restaurante do centro de BH quando
passaram rapidamente por mim o segurança e o dono da casa. Agarraram um rapaz
que tentava sair sem pagar:
— Tentando sair sem
pagar, safado?
O rapaz argumentou qualquer coisa e levou uns empurrões
antes de conseguir fugir.
— Nunca mais volte aqui, pilantra!
Fiquei brabo com o dono restaurante. Não disse nada, só
pensei “credo, agredir o cara por causa de um prato de comida?”
Fui embora prometendo
nunca mais voltar.
Dias depois meu amigo, que não sabia do caso, me liga convidando
para almoçarmos no mesmo restaurante. Fui a contragosto. O serviço é self e a
carne a gente busca em um balcão à parte, onde ficam as churrasqueiras. Enquanto eu aguardava a carne que escolhi
entrou um mendigo, não muito sujo, desses que estão lotando o centro da cidade.
O dono do restaurante foi junto do segurança até ele, provavelmente para
afastá-lo ou para avisar que não deveria pedir coisas aos clientes. Ele mostra
uma moeda de um real e diz:
— Eu só tenho este real, o senhor me deixaria servir só um
pouquinho de arroz e de feijão? Não precisa mais nada, só um pouco de arroz e
feijão.
O proprietário da casa aceitou a moeda dizendo educadamente:
— Pode entrar. Pode
se servir à vontade tudo o que quiser comer — Deu ordem para um funcionário acompanhar
o mendigo, certamente por uma questão de higiene.
Alguém poderá reclamar porque ele aceitou a moeda. Eu
entendo que ele foi caridoso por duas vezes com o mesmo homem. Ao alimentá-lo com
a comida farta e ao alimentar a dignidade de um ser humano que paga o próprio
alimento.
Julguei mal o comerciante no primeiro caso.
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