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Mostrando postagens de dezembro, 2011

O povoado dos Pintados e a inclusão do portador da síndrome de down

O povoado dos Pintados e a inclusão do portador da síndrome de down Na região onde há hoje a refinaria Gabriel Passos em Betim, Minas Gerais, havia antes da chegada do “progresso”, uma comunidade pequena formada principalmente pela família Freitas mais os herdeiros de uma velha fazenda retalhada e distribuída. O povoado dos Pintados. Eram pequenas chácaras cercadas por montanhas, distantes uns quatro quilômetros da Rodovia Fernão Dias, ou o que viria a ser esta.  Todos os habitantes tinham relacionamentos familiares. Compartilhavam as tristezas, as fomes, as doenças e as alegrias. Pois é! Havia alegrias. Não eram raras as reuniões para um forró, festa junina ou um baile sem motivo. Se a acordeom do João Maciel arrastava um xote, logo aparecia o cavaquinho do Joaquim Lourenço, o pandeiro do Jurandir e estava formado um baile que varava a noite. Não eram necessárias as cervejas ou o tira-gosto. A música era suficiente. Quando surgia uma cachaça da boa, aí a festança fervia em

Merecemos o paraíso?

Merecemos o paraíso? Parte II A Fátima e eu éramos bem criancinhas ainda e a nossa mãe, grávida, tinha que sair para lavar roupas em uma nascente que havia a cerca de quinhentos metros do nosso barraco alugado. Ela não levava as crianças porque não tinha como carregar bacias, baldes, roupas, e a Fatinha que nem andava ainda. Então ela misturava pequenas quantidades de arroz e de feijão crus, e jogava pela cozinha afora. Saía dizendo que quando voltasse tudo deveria estar catado e separado em vasilhas, caso contrário eu tomaria uma surra. Isso era um terror para mim porque eu catava e a Fatinha derramava novamente. Isso seria insano hoje. Minha mãe não era má, nem irresponsável. Isso era coisa da época e da cultura dela. Às vezes derramamos outros tipos de grãos para os nossos filhos catarem.  

Imitação de Van Gogh

Imitação de Van Gogh  Quando você foi embora Refugiei-me dentro de mim E pensei um trigal sem fim Com corvos rondando E caminhos que vão até lugar nenhum. Pensei num céu sombrio e escuro Pensei na minha impotência Diante dos axiomas da sua fé. Quando você foi embora Eu quis pintar com óleo sobre tela Depois quis arrancar minhas orelhas. Quis paralisar meu coração. Mas eu não venho da Holanda Nem nunca estive em Auvers. Então chorei sozinho e pintei dentro de mim O meu campo de trigos com corvos E me descobri morrendo amanhã.